teatro no interior

Em Évora, na sexta feira fui ao teatro, aos Celeiros da EPAC.  Bons artistas, bom espectáculo. Como professor/estudante paguei três euros. Estavam cinco espectadores, os artistas eram três, fora todo o outro pessoal envolvido, desde a menina que vende os bilhetes… Bem sei que já paguei muito mais através dos impostos absurdamente elevados sobre o meu trabalho que o Estado me cobra. Também sei que há pequenas cidades do interior, por exemplo a Covilhã, onde as salas esgotam e as representações têm que ser repetidas para satisfazer a procura. Isto faz-me pensar. Esta realidade de Évora, esta pobreza, não é de agora. Sempre assim foi. Não é só centro histórico que está em ruínas, as calçadas estão impróprias, a iluminação publica é deplorável (já repararam na principal entrada de Évora, as portas do Raimundo?), as marcações horizontais são inexistentes… Em Évora há uma Universidade com uma Escola de Artes. Quantos alunos e professores do Departamento de Artes Cénicas viram este espectáculo? E dos restantes? Évora é a cidade que pretende ser cultural e que é candidata a capital europeia da cultura 2027: rimos ou choramos? Isto não é uma interpretação pessoal ou política da coisa, isto não é um texto de opinião, são factos. Só não vê quem não quer, ou não pode. Estamos, pois, perante uma encruzilhada muito difícil de resolver. Não há solução mágica para Évora. O país não nos vai ajudar, antes pelo contrário. O país está de tanga, como nunca esteve. Já perceberam isso? O que fazer? Como mínimo, para começar, é incontornável abrir os olhos.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan