A minha mãe foi enfermeira há quase 70 anos, no primeiro curso da Escola de Enfermagem de Évora. Brinquei nos corredores desta casa e por isso muito a estimo e, obviamente, considero os seus profissionais. Escrevo em jornais e revistas há 25 anos e totalizo mais de 500 artigos publicados. Fui diretor da principal revista portuguesa de ambiente durante cerca de 10 anos e tenho a Carteira de Jornalista há quase 20 anos. Nunca escrevi nada que fosse objeto de qualquer tipo de queixa, até que, em dezembro de 2017, quase há dois anos, um texto no Diário do Sul onde comecei por expressar que não era opinião mas sim o relato de fatos, seguramente verdadeiros. “Hospital de Évora, um horror” foi o título desse texto. Por tudo aquilo que todos os dias, lemos, ouvimos e vemos acerca da saúde em Portugal o caso que relatei é apenas mais um. Na sequência, dois ou três dias depois, recebi uma carta da Administração do Hospital a ameaçar-me de fazer queixa junto do Ministério Público. Uns bons meses despois quando fui chamado a apresentar-me no DIAP, não fazia a mínima ideia de qual a causa. Fui tratado como um bandido pela funcionária que não quis acreditar que eu não sabia o que estava ali a fazer e lhe custou a aceitar que eu não fosse acompanhado de um advogado. Um advogado pago por mim, os do Hospital, são pagos por nós todos. Marcada uma nova data lá voltei com o advogado e soube o que estava ali a fazer. Fui inquirido e o processo foi arquivado. A Administração do Hospital não terá ficado satisfeita. Deduziu acusação particular. Entretém-se dar trabalho aos juristas que nós pagamos. Cumpridos os procedimentos jurídicos adequados aguardo, como um eventual criminoso, na condição de arguido, quase meio ano depois da data marcada para conhecer uma decisão do DIAP de Évora. É este o Estado que temos e que tão caro nos custa.