Há muito que tenho a profunda convicção que, para alguns, governar na pobreza é uma opção estratégica de sobrevivência. Em Évora, com umas duas décadas de atraso como mínimo, o atual executivo anunciou, no início do seu primeiro mandato, que Évora iria ter um parque de autocaravanas. Mal e porcamente, cerca de 5 anos depois, surgiram, junto à piscina do AMINATA, umas placas de parque de estacionamento a anunciar a coisa. Esta coisa começou mal, continuou muito mal e não pode ficar bem. Não pode ficar bem porque, na verdade, a opção não é fazer desta terra uma terra rica. Ao atraso de 20 anos, seguiu-se uma embrulhada com o convívio entre “povos nómadas”, ciganos e auto-caravanistas.
Como estes tempos andam patetas, impõe-se uma nota: quem me conhece sabe que sou admirador do povo e cultura cigana, a questão fundamental não foi essa. Estamos agora na fase de um “parque de autocaravanas” que apenas tem o nome… Quem passa pela zona ao final do dia, ou de manhã, compreende que a coisa tem muito potencial. Por isso incomoda muito que Évora não tenha um parque de autocaravanas com qualidade distintiva para uma grande lotação, 100? Este parque, fortemente arborizado, e com várias infraestruturas de apoio, convidaria esta, cada vez mais, significativa tribo, não só a pernoitar em Évora mas a permanecer por cá mais tempo. Já agora a coisa devia existir também para camionistas e motociclistas, com as suas especificidades e óbvia separação física. Pode haver esperança?