entre o Sado e o Tejo

Todas as terras têm um rio, o mais bonito de todos. Esta certeza popular diz tudo sobre a importância de um rio. Muito mais do que o escoamento superficial da água, um rio é vida. Que o diga quem vive o Sado, nem que seja só com os olhos, ao longe, de quando em vez. Muito para além das suas margens, o rio são as pessoas, as árvores, os pássaros, os peixes e tudo o resto, tudo isto é o rio. Desde há milhares de anos que é assim no Sado, o melhor e mais bonito rio do mundo, porque é o nosso rio, mas também porque tem tudo, tem vida e tem alma, que contagia a quem toca. Como todos os rios maturos, a diversidade torna-o ainda mais precioso. Uma bênção às terras que ele atravessa de sul para norte, desde o Baixo Alentejo, com uma beleza natural ímpar. Mas Setúbal, a região de Setúbal tem também o Tejo, e muito mais, tem os fabulosos e ricos estuários destes rios, as serras da Arrábida e Sintra e, ainda, o imenso Atlântico; que abençoada terra esta. Qual a região da Europa que tem tanta riqueza?

Contrariamente ao que possa parecer, o Sado, como todos os rios, não divide, antes une. Une Alcácer a Setúbal, o interior ao mar… Une margens, une as terras que atravessa e banha, a maior bacia hidrográfica inteiramente portuguesa de riquíssimos habitats – destacam-se a vegetação das dunas, das falésias marítimas e outras comunidades das vertentes rochosas (rupestres), as pastagens secas (ervedos), as turfeiras e o sapal que se desenvolve nos solos aluviais. Os rios não dividem, o Sado  é um fator de união e de desenvolvimento, uma bênção que dá valor e riqueza às terras que banha.

Uma terra que tem o Sado e o Tejo não pode ser menos que a melhor terra do mundo. Saibamos isto.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan