Há uns anos que a beira Tejo é palco para um bonito festival de papagaios ao vento. Imagine-se que vêm equipas de vários países. Deste ano não passou e fui lá espreitar. Valeu muito a pena. No caminho pensei: como voariam os ditos se não estava vento? Mas o Tejo é assim, uma vez na praia, mesmo sem perceber nada da coisa, o vento não enganava, fazia-se sentir de forma contínua e persistente. Tudo muito bom. Depois de andar um tempo de cabeça no ar, não faltou uma excelente esplanada, muito confortável, onde estavam umas largas, larguíssimas, dezenas de pessoas com o olhar entre a terra e o céu. Só faltou mesmo uma bebida fresca, pois não havia serviço de esplanada. Por aqui me fiquei, deixei de ver os papagaios e a magnífica paisagem, a imaginar como se pode tomar uma decisão destas: “não temos serviço de esplanada”?…
Não consegui chegar a uma razão do tamanho da minha cabeça, que aceitasse. Reparei nas mesas em volta e poucas eram as que evidenciavam consumo. Por ali fiquei o tempo que quis, como todos os outros, até à hora de almoço. Em Alcochete come-se muito bem mas, em boa hora, lembrei-me do péssimo serviço que por ali tive das últimas vezes. Debandei até encontrar um sítio improvável, num daqueles bairros que não enganam, um restaurante verdadeiro. Tudo ali é verdadeiro, até a cor das paredes. Entretanto, faltou uma sardinha numa das doses – abençoada sardinha, pois no seu lugar vieram dois enormes e deliciosos carapaus.
Pobres, felizes e verdadeiros. Assim é Portugal, Deus te conserve.