todo o país o conhece e muitos tivemos o privilégio de com ele aprender, é o Professor, grande mestre, Galopim de Carvalho, o “divulgador de saber”.
nos finais dos anos 70, depois da Politécnica arder, cheguei à Faculdade de Ciências num clima de grande agitação social e politica. Para um eborense tímido a coisa não foi fácil e deu em chumbo no 1º ano, disfarçado com a reestruturação do curso; uma verdadeira Bolonha em setenta, imaginem. Julgo que muito graças à visão de outro grande geólogo, Carlos Romariz, que já por cá não anda.
quando o Prof. Galopim me apareceu pela frente foi uma lufada de ar fresco, mais concretamente de afectividade e carinho, muito para além da geologia. Ouvi na 24 de julho, onde tínhamos aulas devido ao fogo, a minha língua materna, alentejano, de Évora onde o Professor nasceu. Pela primeira vez um professor dizia qualquer coisa que na sala só eu compreendia. Lembro-me, como se fosse ontem, o professor falou numa venda (taberna com mercearia), onde, em trabalho de campo, tinha almoçado.
ontem em Évora, na apresentação do seu mais recente livro (açordas, migas e conversas), com muitas histórias, o professor partilhou, como sempre, muito saber.
Isabel (revisora oficial): olha que toussinho é com c.
Galopim: leste chouriço? Não, então está bem.
esta é enormidade de Galopim de Carvalho, Isabel é a sua mulher.
nesta agitação permanente, de há muitos anos, em que vive o ensino, essencialmente para cumprir estatísticas, o Professor escreve, “o professor tem de ter arte (por vocação própria ou porque para tal foi formado) de levar os educandos a «a aprenderem a gostar de saber» … compete em grande parte, ao professor, conduzir o aluno nesses três sentidos; “aprender a gostar de saber”, o “dever cívico de estudar”e a “autoestima”. Oh Professor, tão longe que temos andado disto.
porque inteiramente merecida, uma referência ao Sr. Ludgero, deveriam haver mais homens destes. Quando passar por Évora, Moinho do Cú Torto, e nunca mais vai esquecer o seu almoço ou jantar.
bem haja Professor.
nota: aqui ao lado, na Azaruja, onde fiz a escola primária, tenho quase a certeza que tóicinho é a forma correcta para dizer toucinho.