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Quem tiver dúvidas que território é, antes de tudo, geologia, vá ao Pico. A verdade maior é que somos a terra onde nascemos e vivemos. Os picarotos, os naturais da ilha do Pico, são, provavelmente, pela força das circunstâncias, o melhor exemplo português desta realidade: uma existência entre o partir e ficar, a terra e o mar. Agricultores e pescadores. Homens que fizeram o milagre de tornar a rocha, sem água, terra habitável. Entre uma agricultura de resistência, onde só heróis como estes são capazes, e plantas rústicas, como a videira e a figueira, se aguentam. No principio nem um palmo de terra, esta, muito valiosa, foi “importada” em pequenas caixas do Faial. Assim nasceu a mais fantástica construção em pedra da humanidade – os currais do excelente vinho do Pico. Depois, a filoxera atirou os picarotos para a miséria, empurrou-os para o mar e tornou-os baleeiros; a ancestral arte da pesca, que põe frente a frente um animal de 50 toneladas e meia dúzia de homens numa embarcação a remos, munidos de arpões lançados à mão.
A Assembleia Geral das Nações Unidas – Food and Agriculture Organization (FAO) vai dedicar a próxima década (2019-2028) à Agricultura Familiar. A FAO sabe a importância da agricultura familiar. Esta prática tem um papel fundamental na erradicação da fome, na sustentabilidade das zonas rurais, na produção diversificada de alimentos saudáveis e seguros, na preservação dos recursos naturais e da biodiversidade, isto é, na criação de riqueza, sobretudo, para os mais desfavorecidos.
Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan