turismo 2027

Depois da invasão espanhola na Páscoa apetece voltar a escrever sobre turismo. Bem ou mal o turismo toca em tudo o resto que se possa escrever; talvez por isto este tem sido, sem dúvida, o tema que mais tenho escrito nos últimos tempos. Recentemente saiu à luz o documento estratégico – não se sabe até quando(?); pelo menos desejamos que até este governo se mantenha em funções. Os próximos 10 anos de turismo em Portugal estão aqui bem estudados, é obra. Enquanto a quantidade for uma realidade quase tudo é fácil.

A Secretária de Estado do Turismo, em completo estado de graça, escreve: “em 2016, o turismo atingiu números recorde em Portugal, com especial destaque para: alargamento da atividade turística a meses menos tradicionais, tendo dois terços do crescimento acontecido na chamada “época baixa”; aumento do emprego no turismo (falta só qualificar este trabalho, escrevo eu); crescimento em todas as regiões; ritmo de crescimento das receitas turísticas e dos proveitos hoteleiros mais acelerado do que o aumento de hóspedes; diversificação de mercados emissores, com crescimentos expressivos do mercado americano, polaco e brasileiro; dinamização do mercado interno; reconhecimento internacional, com aumento significativo de prémios internacionais.” Que mais se pode pedir? Cerca de 80% disto tudo respeita a Lisboa, Algarve e Madeira, também um bocadinho de Porto. Isto é,  temos profundamente um país assimétrico e desequilibrado, onde as histórias dos aeroportos (o novo de Lisboa e o de Beja) mostram bem que não planificamos e andamos ao sabor de impulsos e motivações que a mais das vezes nem vale a pena saber quais. Que mais se pode pedir? Respondo, tudo o que o referido documento aponta como estratégico. Se assim fosse, “desabafo”, estaríamos a pensar e a fazer bem. Obviamente que neste ambiente de festa do país rico as projecções apontam para um crescimento continuo até 2030, depois logo se vê; a expectativa é continuar a crescer no mesmo contexto como se nada mudasse. No que respeita aos principais desafios, já os lemos muitas vezes anteriormente: combate à sazonalidade; valorização do património e cultura; desconcentração da procura; qualificação e valorização dos recursos humanos; estímulo à inovação e ao empreendedorismo. Para quem vive e trabalha no país pobre tudo isto nos dá muito jeito. Alguém discorda? Só falta mesmo tornar a letra viva. Alguém acredita?

 

 

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan