eleições locais

Este é o ano dos governos locais; há eleições autárquicas. E se o regime democrático nos trouxe coisas boas, esta, do poder local, está à cabeça. Todavia, por todo o país é possível fazer mais e melhor por menos, é só isto que se pede. Mais, exige-se que assim seja. Passada a fase das rotundas chegaram as pistas de gelo – pior do que isto, a nível local, é difícil.

É preciso mais, muito mais. Muitos, mas muitos concelhos por todo o país, com vantagem para todos, deviam ser fundidos. Todos sabemos quais. Só o não são por politiquices de trazer por casa e por falta de coragem dos decisores assente em graves problemas culturais. É por estas e outras que tais que somos pobres e vamos continuar a sê-lo.

Bem sabemos que em muitos concelhos as propostas de governo que vamos ter serão más, enfermam da cultura partidária que se sobrepõe a tudo o resto. Quem não andou a colar cartazes nas diferentes jotas e quem não está na máquina, por muito competente que seja, muito dificilmente tem condições de ser eleito. Mas seja como for, esta é a altura de subir a fasquia, temos, é um dever, de exigir mais para a nossa terra.

Vivemos dentro de um moderno modelo de colonização chamado progresso cuja principal característica é a não sustentabilidade:  o que fazer dentro de um cenário com a certeza da insustentabilidade?

Localmente, a insustentabilidade global pode ser sustentada?

Crescer e depois crescer é o modelo dourado que nos vendem como bom? É possível e será mesmo bom?

Acredito que a proximidade é a chave para muitos dos nossos problemas. É muito útil um jovem num contentor com um computador portátil desenvolver uma aplicação para sabermos qual a farmácia de serviço mais perto, mas isso não chega. Não vivemos disto. Mais, é ridículo e ofensivo que nos andem a enganar com estas tretas. O valor está no local, é aí que as pessoas vivem e que existe solo e água; tudo o resto é basicamente mentira temporária que nos conduziu a uma situação deplorável em termos globais. Todos começamos a compreender isto.

Cada região tem, quanto antes, de se voltar para si própria e rever os seus recursos, saberes e tradições. O caminho, único – lamento ser tão pouco flexível –, é o da suficiência local. Isto mesmo, retenham para não esquecer: suficiência local a todos os níveis. Não há estudo estratégico sério que o possa contradizer.

É este um ano para exigir e dar mais. O que propõe quem nos deseja governar? Um bom indicador de qualidade é sabermos quantos metros quadrados de relva se propõe acabar e, em oposição, quantas árvores prevê plantar. Tão simples quanto isto – a qualidade do resto estará subjacente.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan