pós-férias

Durante alguns anos tive responsabilidades públicas nos rios do Tejo, estudar, autorizar, licenciar. Sempre que possível, indiscutivelmente sempre que necessário, saí da secretária e estive no local; muito poucas foram as semanas que fiquei em Lisboa. Todavia, depois das férias deste ano, confesso-vos que não conhecia suficientemente a realidade; isto não significa que o serviço, no caso a ARH do Tejo I.P., não cumprisse a função: usar e valorizar a água.  Felizmente, desde a Guarda até Lisboa,  a equipa da ARH integrava técnicos locais de enorme valor e conhecimento que sempre apoiavam a tomada da melhor decisão  pelo bem público e interesse dos utilizadores, quase sempre conciliáveis.
Durante uma semana andei, no sentido literal do termo, a melhor forma de conhecer uma região, pelas bacias do Tejo e Zêzere, pelos pequenos e únicos rios destas grandes bacias hidrográficas.

Como programei, e vos contei no último escrito, andei por alguns belos concelhos onde fiz os percursos pedestres que melhor me pareceram. Sabia que era muito bom mas não sabia quanto, temos rios em excelente estado ( sem mérito nenhum da Quercus e aparentados ), autênticos paraísos na Terra. Além dos fatídicos fogos nestes dias as temperaturas foram muito elevadas; sempre que o calor apertava atirava-me à água de uma pureza e frescura que julgava já não existirem. Rios de água cristalina onde se pode nadar.  Já o sabia, as praias fluviais do Centro não devem nada às oceânicas. Para facilitar foi editado um guia gratuito sobre as praias fluviais e zonas balneares e de lazer, do Tejo ao Douro. Dormi e comi de forma muito económica, sem marcação prévia e sem atropelos, muito bem, apesar de ser agosto. Visitei museus e bibliotecas. Conheci hábitos e patrimónios locais de grande valor. Conheci e convivi com pessoas fantásticas. Por estes dias as aldeias têm a vida que lhes falta no restante ano, os emigrantes em férias notam-se marcadamente. Diferente de há alguns anos sobretudo os descendentes lusos-franceses trazem vida. É pena que não venham para ficar. No geral acompanham-os amigos franceses que admiram mais as terras que os recebem do que os próprios portugueses nascidos em França. É curioso mas não admira; vai levar ainda algum tempo para que os nossos, e também os que cá estão saibam dar o justo valor à terra das suas origens e aos seus patrimônios.
Por último uma engraçada coincidência; estava eu nesta história que vos conto quando um jornal nacional escreveu sobre o resultado de vários estudos que apontam para o benefício de mais floresta, “banhos de floresta”. Quem já o experimentou sabe que assim é. Se este ano ainda for a tempo não hesite, só tem a ganhar. Sem dúvida, para o ano lá estarei novamente.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan