Viajei no IP2 até Beja e fiquei espantado. Entre Évora e Beja já temos placardes eletrónicos que nos informam que está a chover. ABSURDO E ESCANDALOSO. Pensava eu que este tipo de esbanjamento do dinheiro que não temos e que nos faz falta para os pobres, já não se fazia. Aliás, não são só os placardes eletrónicos, toda esta obra, a passo de caracol, é absurda. Como continua a ser possível este tipo de obras?
Somos assim, pobres e insistimos.
Como sabemos no Alentejo há muito pouca gente. Sobeja território altamente qualificado, o recurso mais valioso do planeta Terra. Refiro-me, concretamente, ao solo e à água. Enganam-nos, e andamos enganados como se o problema fosse falta de gente, e não gente a mais. Porque se deslocam esses milhares de refugiados? Um dia destes, tenho a certeza, que as nossas ricas terras vão ficar povoadas, só espero que ordenadamente.
Depois de Beja cheguei à exemplar cidade alentejana de Serpa, onde a atividade económica é escassa, de onde os jovens partem e os velhos ficam. Tudo o resto existe – infraestruturas de todo o tipo – com uma qualidade ímpar. E o que fazem a pessoas para contrariar, para vencer, esta realidade? Nada.
Porque o queijo por estes lados é dos melhores do mundo, num domingo de tarde, quis provar uma queijada mas não havia. Pelas 12:00 as 500 queijadas, sabiamente confecionadas por uma velhota, já tinham sido vendidas no vulgar estabelecimento do centro da cidade. Saiba-se que naquela loja se vende muito mais que queijadas; bolos caseiros típicos, queijos, enchidos, etc. e que as prateleiras estavam vazias. Façam-se, pois, umas contas grosseiras e a conclusão é óbvia. Por que razão, não há jovens locais que peguem nesta fileira de sucesso? Por que razão no atual contexto de falta de trabalho (?), depois de uma entrevista para uma excelente oportunidade laboral, a candidata vai para casa pensar? Porque somos assim. Falta-nos atitude. São os brandos costumes, é cultural, ou não gostamos de trabalhar?
Por mim, incomoda-me muito, que depois de 20 ou mais anos de estudo, um jovem licenciado parta à procura de emprego e não se sinta apto, com competência e vontade de criar o seu próprio posto de trabalho. Ainda não me convenceram que há outra forma de sairmos da austeridade a não ser a trabalhar, a única forma de criar riqueza.