Provavelmente já poucos duvidam que o campo faz bem. A natureza contagia-nos positivamente e andar no campo é terapêutico. Nenhuma outra atividade física proporciona tantos benefícios no organismo com tão pouco esforço. Por isso, caminhar não é uma perda de tempo nem uma forma de nos cansarmos inutilmente. Nada se compara com o caminhar, o avião leva-nos às terras mais distantes, mas é no andar que encontramos a melhor forma de conhecer uma região, de viver patrimónios e conhecer gente.
Há alguma forma melhor de viver uma cidade do que percorrê-la a pé? Por que razão estamos esquecidos de andar a pé? Por que nos levaram a esquecer a possibilidade de caminharmos dois, três ou mais quilómetros até ao emprego ou escola?
Na A improvável Viagem, Harold Fry (Ed. Porto Editora) descreve uma caminhada como infinitamente mais do que andar: “caminhar é um ato lento que desacelera tudo, além de que, é uma espécie de regresso a algo básico, onde nos podemos relacionar com outras coisas mais intensamente e onde ganhamos noção de que somos pequenos e tudo o resto é muito grande”. É isto que se pode viver na Rota das Azenhas em Serpa. O imenso mar de terra da planície, neste tempo essencialmente em tom de verde, conduz-nos ao grande rio do sul, o Guadiana. A pacatez do lugar é transcendente. É possível andar durante horas sem ver vivalma, bastam os terrenos agrícolas para perceber que por ali há humanos. De resto a biodiversidade, com toda a espécie de bichos, está bem presente. Apesar do dia já ir avançado o concerto da passarada é impressionante e o correr de perdizes e coelhos são harmoniosos.
Mas o Guadiana não é só rio, a bem justificar o nome da rota, o barulho da água num açude, quase natural, anuncia a grande azenha. Somos transportados para um passado onde o homem e a natureza estavam muito próximos, onde um rio era vida e alimento.
E, para além de tudo isto, a terra forte de Serpa é muito mais. É tradição, cultura e afetividade, sim, porque em Serpa sabem receber muito bem, vale a pena ir à margem esquerda.
Aí, se um dia os nossos parceiros europeus descobrem isto…
A rota (folheto):
http://webb.ccdr-a.gov.pt/alentejoape/upload/198_folheto_Folheto.pdf
As imagens: