2030 é já amanhã ou, se calhar, nem tanto. Vem esta data a propósito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), isto é, a Agenda global para 2030 com inicio em 2016. Dizem os manuais que os ODS são para todos e todos temos um papel importante na sua conquista. Ao todo, são 17 meritórios objetivos que se consubstanciam em 169 metas. Naturalmente, poupo-vos a esta fastidiosa lista mas cito alguns: erradicar a pobreza; erradicar a fome; educação de qualidade; reduzir desigualdades; trabalho digno e crescimento económico; paz; justiça e instituições eficazes; produção e consumo sustentáveis… Enfim, um chorrilho de velhas e novas utopias que só me fazem corar de vergonha.
Quem estiver interessado em aceder à totalidade do documento é muito fácil de encontrar através do computador. A verdade é que não conseguimos dar a mão ao nosso vizinho e, para compensar, escrevemos estes bonitos documentos que se vão sucedendo. É este o mundo que fazemos. Lamento dececionar-vos mas a culpa não está algures “lá fora”, “nos governos”, “nos políticos”, “nos grandes grupos económicos”; os responsáveis somos nós, eu e tu. Nós somos um coletivo a que se chama humanidade e fazemos, decisivamente, o produto final. Esta utopia, de um mundo bem melhor, é recorrente e é a boa maneira de sacudir a água do capote. Como sempre, é até uma forma eficaz de gastar muito dinheiro que tanta falta faz para saciar a fome e a sede a milhões. Aos costumes disse nada.
Como sabem, porque aqui o repito sucessivamente, acredito profundamente que é na dimensão local, onde vivemos, que tudo se decide: em casa, no caminho para o trabalho, no trabalho, no supermercado… Apelemos, exijamos e façamos políticas de conteúdo local: contratação local de trabalhadores; aquisição de bens e serviços produzidos nas comunidades locais; atitudes e práticas respeitadoras da biodiversidade local. E eu, o que faço? Nas minhas aulas aproveito todas as oportunidades para co-responsabilizar os meus alunos, mesmo que o não queiram, ficam a saber que cada um deles é um agente privilegiado para a mudança que muitos papagueiam. Quando o automóvel necessita de pneus o sr. Bravo, que entretanto me considera amigo e vice-versa, sabe que pode contar com trabalho, mesmo que isso me custe mais uns euros que num grande centro. Maçãs do Brasil e limões de Almeria, lamento, mas nem pensar. São estes alguns exemplos.
Entretanto, porque vem bem a propósito, como todos os anos acontece, a QUERCUS fez um balanço do ano ambiental. Como todos os balanços, o bem e o mal, segundo eles, do que aconteceu ou não aconteceu em 2015. Nesta matéria o Tejo empatou.
Como “piores factos”: “descargas poluentes e barreiras no Rio Tejo – os recorrentes episódios de poluição e ameaça ao continuum fluvial…”. Como “melhores factos”: “cidadania pelo ambiente – o surgimento, na área do Ribatejo, de vários movimentos informais de cidadãos, dos quais se destaca o movimento “Vamos Salvar o Rio Almonda”…”.
Reflete e age. Já que mais não seja, faz alguma coisa por ti.