Paris entrou pelas nossas casas durante muitas semanas, primeiro o terrorismo e depois o clima. Não vos quero chocar mas às vezes a diferença não é muita. Apesar de já aqui ter escrito muito sobre o tema das alterações climáticas, tenho que voltar a fazê-lo, pois este é dos temas mais transversais e de grande importância local/regional, mesmo à medida de Otros Mundos.
A cimeira mundial do clima que decorreu em Paris, se houvesse dúvidas, evidenciou que temos de arrepiar caminho ou pagaremos uma fatura de que nem sabemos o valor, de tão alto que ele é. Este não é um assunto só para alguns, de terras distantes, e para daqui a muitos anos. É na nossa casa e agora. Petróleo, carvão e gás são o nosso presente e, todavia, não se vislumbra que o deixem de ser no próximo futuro. Não consigo identificar nenhum sector de atividade económica (agro-floresta, turismo, serviços, construção, transportes, energia…) que não tenha fortes desafios por conta das alterações do clima. O mesmo afirmo de cada um de nós. E o que posso eu fazer além de estar cada vez mais consciente do problema que vivemos? Na verdade, cada um pode fazer muito. Tudo o que pode fazer traduz-se, normalmente, em fortes poupanças de dinheiro na economia familiar, o que nos convida mesmo a agir.
Use lâmpadas de baixo consumo (as melhores são as led) e nunca deixe luzes acesas. Os pilotos dos equipamentos podem significar um gasto que chega a 15% do consumo do equipamento em utilização, pelo que devemos desligar totalmente todos os equipamentos. Quando comprar um eletrodoméstico, vale a pena olhar para a classe energética. Como a cozinha é um templo de consumo energético, temos que ser eficazes, senão estamos a deitar dinheiro pela janela: o forno e as placas cerâmicas devem ser desligadas vários minutos antes de terminar o cozinhado; e qualquer fervura deve ser com o recipiente tapado, porque poupa até 65%.
Alimentos, aquecimento e transportes devem estar no topo da nossa atenção. Já pensou o que significa consumir fruta de 2 ou 3 mil, ou mais, quilómetros de distância. Atenda sempre à origem dos produtos que consome. Este simples ato tem uma enorme importância social, económica e ambiental. Prefira, sempre, tudo o que é da sua terra. Por que seria que antigamente as pessoas cobriam a cabeça com um boné, um chapéu, etc.? Para se manter quente em casa ou na rua, o essencial é ter a cabeça quente: use um gorro e depois faça as contas. E os transportes? Ainda há poucos dias soubemos que Portugal tem das melhores redes rodoviárias do mundo, o que nos convida à deslocação. O pior é que nada fazemos pelo ordenamento, os trabalhos estão cada vez mais longe de casa e o mesmo se diz da escola. No próprio abastecimento da casa, somos convidados a comprar com “grandes vantagens” nas grandes superfícies onde todos vamos de carro. Enfim, uma coisa é certa: muito vai mudar na nossa vida, de livre vontade, enquanto é tempo, ou obrigados a isso.
Que 2016 seja um ano de mudança para melhor e para todos.