IDEIA

Como todos sinto na pele o que de pior Portugal tem em abundância, mas acredito que os fatores positivos são bastante mais numerosos e significativos. Olho à volta e, sinceramente, não consigo encontrar melhor país. Cada vez mais assumo a convicção de que o país é aquilo que todos os dias todos fazemos e isso não tem nada a ver com políticos e governantes maus. Tudo, mais ou menos, alinha pela mesma bitola e, é incontornável, o resultado está à vista. Os políticos não são nada diferentes do povo de onde emanam, desculpem-me o mau jeito. O grande problema é que alguns fazem a sua parte mas a grande maioria não o faz. É bem mais fácil apontar o dedo a fatores externos que nada têm a ver com cada qual e assim nos vamos conformando, uns mais que outros.

Todavia, parece que alguma coisa começa a mudar; na realidade é extremamente esperançoso encontrar jovens irreverentes e inconformados que desde muito cedo assumem que podem, isto é, devem, contribuir para um país bem melhor. É isto que encontrei no IDEIA ( http://idei-a.blogspot.pt/ ), o projeto que a Joana, que não conheço, promove em busca da concretização do seu sonho. Isto é, a Joana não se conforma e não se limita a pedir um emprego depois de terminada a sua licenciatura. Com base nas suas aptidões e competências, a Joana estrutura o IDEIA como uma plataforma de partilha de “empreendedorismos”. O empreendedorismo que faz a diferença entre ficar parado, à espera que algo aconteça, e o arregaçar as mangas e trabalhar em busca da sorte. Este é, na verdade, o melhor sinal de que algo vai mudar em Portugal para melhor, pois cada iniciativa deste tipo é um verdadeiro tijolo na construção de um Portugal bem diferente. Felizmente, exemplos como este são cada vez mais comuns e quem não acredita nisto é parente próximo do Velho do Restelo.

É nesta linha que na próxima semana decorre em Portugal (Oeiras) a CIEM ’15 (conferência ibérica de empreendedorismo – http://www.empreend.pt/conferencia2015/). Bem mais que uma moda, é uma “pequena” atitude que faz uma grande diferença e que sempre andou arredada do nosso país. Em boa verdade, os 450 mil jovens que, ao que se diz, recentemente emigraram são verdadeiros e genuínos empreendedores. Conheço alguns, mas lembro-me agora de um amigo, o Luis M., arquiteto natural de Abrantes, que no Canadá estuda e trabalha em construções de madeira. Imagine se o país merecer que esta gente empreenda cá dentro!

Será pedir muito que Portugal seja um país possível para alguma desta qualificada gente empreender na terra onde nasceu?

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan