de Évora com 40° até à cidade da Guarda

Uma tarde de domingo em agosto, em Évora com 40°, é propícia à divagação da memória sem surpresas.

Os “fins de ciclo” convidam, exigem, balanços.

Às vezes, sem dar conta somos levados aos lugares mais improváveis, até mesmo remotos, do nosso passado, da nossa consciência. Uma conversa ocasional com quem, divinamente, está aqui à mão, lembrou-me a cidade da Guarda. Um curto passo levou-me à ARH do Tejo, aos felizes tempos, muitas vezes sem dar por isso, da ARH. Invadiu-me o polo da ARH na Guarda.

Não foi há muitos anos mas parece que foi há muito tempo, o tempo é assim. Quanto tempo? Quantas histórias? Quanta vida?

Uma das muitas magias da ARH fazia com que a Guarda fosse próxima. Esta proximidade até o gelo do inverno derreteu. Como quase sempre o Presidente da Câmara ajudou, uma constante incontornável. Com o tempo a Guarda ficou cada vez mais próxima. Os muitos quilómetros do Folgado (motorista), ou os muitos cabos do Rui Abreu (informático) muito ajudaram para que assim fosse. Quase sem dar por isso fizemos, todos, uma equipa. Uma equipa com competência e com alma.

Sem o sabermos, que já estávamos na rampa final, quando a história da ARH estava a terminar, a Guarda desafiou-nos para a necessidade de novas instalações. Pelo que em cima se escreveu o difícil ficou fácil. O factor equipa potencia e agrega. O bom edil rapidamente encontrou o espaço ideal, dito e feito. Em pouco tempo a Guarda, sem investimento, teve um novo e digno polo da ARH do Tejo em pleno centro histórico.

Por muito que me esforce não consigo escrever um item na face negativa desta moeda. Muito para além da motivação do novo espaço com melhores condições para bem cumprir o dever de um bom serviço público, inesperadamente, revelaram-se mais valias laterais fantásticas. Sem querer o novo polo da ARH trouxe vida aquelas envelhecidas ruas. Os pequenos comerciantes começaram a vender mais cafés e os velhos moradores como que rejuvenesceram com os olhos nas caras novas que por ali começaram a aparecer.

Quanto vale isto? Pelo menos a memória da satisfação de que valeu apena.

Porque fui aqui parar nestes 40° da tarde de um domingo de agosto em Évora? Porque me trouxe a vida esta memória? O que estou aqui a fazer? De onde venho e para onde vou? O que quer a vida de mim?

Neste presente o que mais desejo é que o tempo me invada com memória seletiva e me leve para muito longe.

Ou nos adaptamos à vida ou ficamos fora dela. Estamos nos diferentes papéis da vida e muitas vezes não damos por isso, “Ri palhaço. Chora homem. Sofre cão.”

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan