A par da água, o solo é o recurso natural mais importante de um país.
Ninguém de bom senso ignora que a promoção de uma gestão sustentável do solo é essencial para o sistema produtivo de alimentos, melhoria e subsistência dos ecossistemas e modos de vida rurais e para um ambiente saudável.
Pela sua grande importância a ONU, através da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), declarou 2015 como o Ano Internacional dos Solos. Em boa hora o fez. Com esta iniciativa, a FAO quer trazer para a ordem do dia o que se pode sintetizar na frase “A vida na Terra depende da sustentabilidade dos solos”. Na verdade, seja qual for o ângulo de análise, este tema do solo leva-nos à grande relevância da sua importância. Agricultura, segurança alimentar e biodiversidade são alguns dos temas que justificam esta relevância.
A ONU reconhece a “importância económica e social da boa gestão do território, incluindo o solo, particularmente o seu contributo para o crescimento económico, a biodiversidade, agricultura sustentável e segurança alimentar, erradicação da pobreza, a valorização das mulheres, o combate às alterações climáticas e melhoria da disponibilidade de água.” A desertificação, a degradação dos solos e a seca são desafios globais com expressão local que representam sérios problemas para o desenvolvimento dos países.
Este discurso assenta muito bem a Portugal e é fundamental que o alerta da ONU seja ouvido por cá pelos diferentes atores.
Sabemos que o nosso país é dos mais vulneráveis da Europa às alterações climáticas. Se não o considerarmos, ativa e atempadamente, arriscamo-nos a perder um dos nossos maiores ativos, o solo. Por tudo o que se escreveu em cima, é fácil concluir quanto catastrófico isto seria.
É essencial que as boas práticas agrícolas, florestais e pecuárias sejam generalizadas a fim de garantirmos o nosso futuro. Isto depende só de nós e não necessitamos que alguém nos venha dizer como se faz.
São necessárias políticas que incentivem as boas práticas e promovam a valorização do solo como recurso não renovável. A importância da fertilização orgânica dos solos não é relevante apenas na melhoria da produtividade deste e na solução de um problema de tratamento dos efluentes pecuários com grande carga poluente. A matéria orgânica no solo (efluentes pecuários e detritos florestais) constitui o principal reservatório de carbono dos ecossistemas terrestres e isto contribui para mitigar as alterações climáticas. Acresce que este é um excelente exemplo de aplicação direta dos valores e princípios da economia circular, onde nada se desperdiça.
Os desafios do Ano Internacional dos Solos são tão grandes quanto incontornáveis; por isso, só nos resta agir eficazmente e quanto mais depressa, melhor.