legionella

Esta é a palavra que mais se leu e escreveu nestes tempos.

Nada de novo escrevo sobre o assunto, mas quero escrever o que todos merecemos.

Desgraçadamente, é uma situação catastrófica que nos evidencia que vivemos num país onde vale a pena viver. Esqueçamos tudo o que está por de trás de tão triste ocorrência; o que se passou a seguir é digno de nos orgulharmos de sermos Portugal.

Há muito tempo que me saturei de apontar o dedo aos políticos. Sei que eles representam, nem mais nem menos, o coletivo que somos. Os professores, enfermeiros, motoristas, operários, bombeiros, etc. que somos. E, por isso, quem governa e gere só muda para melhor quando todos nós melhorarmos, quando tivermos melhores médicos e melhores jornalistas. Nestas coisas não há milagres e funciona a exatidão e a lógica da matemática.

Os que vão lendo as palavras que escrevo sabem que não gosto de ser profeta da desgraça e que acredito, convictamente, no bem. Por isso hoje quero escrever que, no meio da desgraça que nos assolou, o país se comportou de forma muito superior. Alta competência, profissionalismo e articulação foi o que demonstraram as diferentes autoridades. Da saúde ao ambiente, da autarquia ao governo.

À medida que o tempo foi passando todos, os que quisemos, percebemos que as medidas tomadas estavam acertadas e ajustadas para a melhor gestão e solução da situação. Provavelmente, o tempo vai sublinhar esta realidade.

No país, onde a maioria das vezes somos confrontados com a ineficiência e ineficácia, onde parece nada funcionar como deve, finalmente uma situação muito relevante e de elevada complexidade prova o contrário.

Obviamente que se pode sempre fazer melhor e que neste caso, o normal era o sucedido nunca ter acontecido, mas, deixem-se de conversa fiada, não há monitorização e fiscalização que consiga evitar este tipo de acidentes ou crimes. A tendência que Portugal tem seguido de autorregulação e demonstração de resultados por parte dos utilizadores (indústrias, por exemplo) é o que se passa lá fora. Não há alternativa, mesmo que os dirigentes do Bloco de Esquerda assim não queiram.

O desempenho das autoridades portugueses tem ainda um outro grande mérito. Todos os prevaricadores ambientais ficaram a saber que o crime não compensa e que a sua identificação e responsabilização não é uma hipótese académica.

É por tudo isto que, apesar da tristeza da situação, todos devemos ficar muito satisfeitos e orgulhosos do país que somos. Acidentes, crimes e catástrofes ambientais sempre aconteceram, acontecem e vão voltar a acontecer, mas sabemos hoje (pelas piores razões) que temos um país preparado para responder na justa medida.

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan