Esta história começou quase há 30 anos, com os mármores como pano de fundo.
Antônio Crespo – Tó Crespo ou simplesmente Crespo – foi o melhor engenheiro de minas que passou pelas terras do ouro branco.
Sempre esteve na frente. Crespo, foi uma marca. Uma marca de saber, conhecimento e, o mais importante, amizade. Quem teve o privilégio de trabalhar e privar com o Crespo sabe que todas as palavras são redutoras, só há uma que tem a justa medida e tudo diz: Crespo.
Trabalhámos sem horas ou fins de semana, acreditávamos e tínhamos paixão pelo que fazíamos. Os anos passaram a correr, ficaram alguns resultados e muitas sementes, algumas irão um dia germinar.
O tempo passou e vida levou -nos a outros lugares. Muitos de nós sempre ligados à causa. Talvez por isso os elos ficaram.
Do Crespo nunca estive longe, sempre perto. Um privilégio. Às vezes era difícil compreender os seus tempos e acompanha-lo, o ritmo era sempre elevado mas nem sempre perceptível. As frentes eram muitas. Assim foi durante anos e anos a marca Crespo. No fim tudo era fácil, tão fácil com o calceteiro como com o ministro. Talvez agora fique mais claro o porquê de tanta coisa feita em tão pouco tempo, só 52 anos.
Desde logo nasceu uma sólida amizade que o tempo havia de consolidar e aprofundar; mas a sua verdadeira dimensão, só agora, no pós, me foi possível compreender na totalidade.
Os amigos são o nosso maior bem, cada vez estou mais certo. Se necessário todos os dias o Crespo me provou esta verdade.
Perdi um enorme amigo. Crespo era assim, simplesmente amigo verdadeiro.
Com apenas 52 anos António Crespo faleceu no passado dia 27 de setembro. Com a sua morte não é só a família e os amigos que sofrem, os mármores, o Alentejo e o país perderam, provavelmente, o melhor engenheiro de minas. Todos ficámos muito mais pobres.
Bem hajas Crespo, que estejas em Paz.
Perdemos um bom amigo e colega, mas ele estará sempre connosco enquanto o mantivermos presente no nosso coração