amadora forever

 

Muito tempo depois a listada do Newcastle voltou a sai da gaveta. Até nisto a Amadora é diferente pela quantidade de "bocas" que ouvi mas nem por isso o tempo de corrida foi bom.

Muito tempo depois a listada do Newcastle voltou a sair da gaveta. Até nisto a Amadora é diferente, pela quantidade de “bocas” que ouvi, mas, nem por isso, o tempo de corrida foi bom.

“Manuel Damião e Carla Salomé Rocha confirmaram nesta terça-feira o seu favoritismo e ganharam a 39.ª edição da São Silvestre da Amadora.” Esta podia ser a notícia mas não é.

Correr a São Silvestre da Amadora, a última corrida do ano, está definitivamente no meu calendário desportivo, esta é a notícia. Esta é a minha notícia.

Correr a São Silvestre da Amadora é muito mais do que correr a ultima corrida do ano. A última corrida do ano é muito mais do que isso para quem gosta de correr e vai, ao longo do ano, participando nalgumas provas. Seja pela sua história, pelo seu simbolismo, ou, até mesmo, pela data “o “pacote Amadora” encerra um conjunto de ingredientes que nos levam a emoções muito para além de “mais uma corrida”, por acaso a última do ano.

Embora o nosso contrato com a corrida seja apenas o gosto de correr, correr no dia 31 de dezembro na Amadora é como que, “um dever cumprido”. Fomos correndo, aqui e ali, chegámos a este dia e aqui estamos. Não, não é um dever, é um prémio.

Depois da CRIL, a Amadora não só está perto mas está, sobretudo, fácil e rápida de se lá chegar. O fim de tarde, princípio de noite, estava excelente para a data e, ao por o pé nas ruas da Amadora, desde logo, percebe-se que é diferente. Por exemplo, muito diferente dos milhares de Lisboa dois dias antes. Aqui é o inverso, sente-se cedo porque devemos, temos de estar ali, enquanto em Lisboa é o contrário, é para por na borda do prato. São dois mundos diferentes. Um para esquecer outro para continuar.

Atletas rua a baixo, rua a cima, a aquecer e a por a conversa em dia. Quase todos se conhecem. Além de ter ido bem acompanhado (Vanessa e Francisco), é sempre bem melhor ir acompanhado, até porque assim a corrida começa bem antes, apesar da viagem ser muito curta, neste tempo/espaço de convívio que é o aquecimento, também encontrei alguns dos atletas/amigos.

Parti rápido ao lado do Luís e do Francisco, dois atletas. Muito rápido. Além destes dois companheiros de partida tive um terceiro, todos tivemos um terceiro companheiro, a inclinação das ruas contra nós. Isto é, passado pouco tempo fui, naturalmente, obrigado a deixar os dois primeiros e a ficar só com as subidas.

Passado mais algum tempo, não muito, uma novidade. Fisicamente, pernas e as habituais maleitas, a 100%, o que deu sinal, e que sinal foi o pulmão. Faltou pulmão. Pelos últimos resultados esta era mesmo uma novidade, há muito que não me acontecia. É, quase, como o futebol, não há duas corridas iguais e na Amadora 2013 convivi com algo invulgar. À parte, a tipologia da primeira metade da corrida, sempre a subir, o ter começado ao lado de atletas e de todos os outros serem também, predominantemente, atletas e muito menos “famílias”, terá contribuído para este resultado de deficit de ar. Todavia, julgo que a principal das razões não foram estas, mas sim o fato de nos últimos tempos me ter andado a sentir bem nas corridas, quase, sem dor. Por isso, provavelmente terei ido um pouco além do limite em que dou resposta aeróbica.

A dada altura a trindade, corres, pensas e respiras ficou em causa. Fiquei-me pela opção de respirar e correr, deixei de pensar. De quando em vez, o entusiasmo da assistência trazia-me, por momentos, às ruas da Amadora.

Entramos na segunda metade da prova, sempre com muita gente a gritar nos passeios, e as subidas passam a descidas, o último quilómetro é quase plano mas antes disso são 3 a 4 de vertiginosa descida. Apesar de o passo alargar, e muito, o pulmão recupera, o possível.

No fim o mesmo tempo de 2012, 49 min.

Ficam uma certeza, Amadora forever, e algumas questões: em 2013 não estou em melhor forma do que em 2012, como supunha? Como é possível fazer o mesmo tempo em 2013 quando em 2012 corri na Amadora depois de nos dois dias anteriores ter corrido nos Olivais e em Lisboa? Os mais quilómetros nas pernas com menos velocidade (efeito maratona e meias), justifica este resultado? O percurso, diferente, deste ano foi efetivamente mais difícil? Etc.

Seja como for, e como que a desmontar tudo isto e muito mais, a atleta amiga fez o mesmo tempo que Lisboa e eu fiz mais cerca de 3 minutos. Assim, o que conta aqui é só o fator cc. Até nisto somos parecidos com os atletas, tem dias…

Seja como for Amadora forever, para a próxima falta menos de um ano, é já este ano.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan