respeito

 

 

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A falta de respeito é transversal e carateriza estes tempos. Em qualquer lugar público, na presença de senhoras, crianças e famílias ouvem-se, com naturalidade, os mais absurdos palavrões e impropérios. Parece que até fica mal se não se disserem asneiras.

As nossas estradas e ruas estão inflacionadas de sinais de trânsito que poucos respeitam. Essa mesma sinalética em excesso é um absurdo. Basta haver a regra da prioridade à direita para os sinais de perda de prioridade não fazerem sentido. Em países mais respeitosos, comparativamente, não existem sinais de trânsito.

Todos os dias somos violentamente desrespeitados – entram-nos por casa a dentro, com as mais agressivas técnicas, e vendem-nos o que não queremos.

Temos um contrato de trabalho, supostamente com deveres e direitos, mas a meio mudam-nos as cláusulas unilateralmente. Que falta de respeito!

Os exemplos são imensos mas há uns mais graves que outros e, que por isso, são bons indicadores das patologias da nossa sociedade, designadamente ao nível da educação e da escola.

Desde logo, a instituição escola é qualquer coisa adquirida que perdeu importância e valor. Ser professor deixou, há muito, de ser uma profissão considerada. Muitos são professores porque “com o canudo na mão” nada mais arranjaram para fazer. É raro encontrar um estudante universitário, na universidade pública, que dê valor a essa sua condição e que respeite esse seu privilégio.

Como somos o país do desenrasca, é frequente encontrarmos supostos profissionais impreparados e empresas que não têm “know-how” para fazer o que se propõem. Além de tudo, isto também é falta de respeito: pagamos para nos arranjarem a caldeira e esta fica na mesma.

Em oposição, também é verdade e comum o trabalho e o tempo de cada um não serem respeitados. O habitual é o relógio para nada servir. Qual é a reunião ou evento que começam a horas? Num seminário, qual é o orador que cumpre com o tempo que lhe é atribuído? Quantos médicos cumprem com a hora da consulta?

É mais do que faltar ao respeito  alguém deslocar-se dezenas de quilómetros para uma reunião marcada e, uma vez no local, ser-lhe dito que afinal não, quem o ia receber teve algo de mais importante para fazer. Está-se mesmo a ver que este triste episódio nos aconteceu recentemente e motivou este escrito.

É básico e não custa nada. Para quem tiver mais dificuldade em compreender e praticar o respeito pelo próximo deve fazer o exercício da inversão de papéis. Ponha-se no lugar do outro. Como gostaria de ser tratado?

Em época natalícia, o respeito é um bom presente coletivo, um presente com futuro,  para darmos uns aos outros.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan