acordar cedo

O que faz uma pessoa que acorda cedo para além da corrida por todos os assuntos que lhe vêm à cabeça? Levanta-se, calça os ténis e vai correr.

Ainda de noite, com Idanha a dormir, a fantástica avenida que entra em Idanha, que é Idanha, é a justa medida para um runner. No mínimo tão bom como o passeio marginal que fazemos a casa de corrida. Não exageremos, “tão bom” para uma experiência pontual ou meia dúzia de vezes. Não se imagina o que seja correr aqui todos os dias, no verão ou no inverno…

Além da boa disposição e vontade de correr, o ar, a luz, a morfologia e a altitude fizeram o resto. Depois da chuva de ontem o céu limpo e a neblina acrescentaram ainda mais. Nem o frio seco da serra, ainda não experimentado este ano, veio mal.

O trânsito a esta hora, embora não faça lembrar a Av. Marginal, curiosamente é muito mais do que seria de supor. Pelo tipo de veículos, essencialmente pic-up,  compreende-se, sem erro, que são as pessoas que vão trabalhar os seus campos, tratar os seus animais. Este é otro mundo, tão perto e tão longe de S. Bento. O estranho (?) é que cada veículo que passa deixa um rasto de gases como não sentimos na Marginal. O contraste com o ar puro, puríssimo, é tão grande que aqui sente-se muito mais.

Para além do sobe e desce, suave, a estrada/avenida é muito bonita, o urbano confunde-se com o rural como em poucos lugares e, de quando em vez, abrem-se magníficas janelas sobre a paisagem que o raiar do dia vai mostrando. A acrescentar, nalguns troços, pela chuva dos dias anteriores, a vida da água corre ao lado da estrada e acompanha-nos.

Idanha é um hino à harmonia urbanística com o meio. Será que as escolas de arquitetura já deram por isso e o mostram aos seus alunos?

Nesta avenida,  além de casas particulares, há edifícios públicos que dão o exemplo, a rocha dura aflorante e a morfologia contam de forma que tudo é um.

Para compor o quadro falta agora o pequeno almoço.

2 thoughts on “acordar cedo

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan