emprego ou trabalho?

Para quase todos o desemprego é o principal problema do país; por todas as razões. Provavelmente é verdade. Falta saber onde está a verdadeira causa? Será que o Governo não é competente para criar emprego?

O tema é sobejamente tratado em todas as vertentes. Todavia, suspeitamos que subsiste alguma confusão, crónica, na nossa sociedade que não ajuda a sair da situação.

Emprego e trabalho, são sinónimos? Quando a CGTP exige emprego, o emprego como um direito, e o Primeiro-ministro pede aos portugueses para trabalharem, estão a falar do mesmo? Quem sabe fazer e faz, quem arrisca, é empreendedor, investe e promove a criação de postos de trabalho, sabe quão subtil, mas substancial, é a diferença.

Emprego e trabalho não são sinónimos. A imensa maioria não compreende esta diferença e tem razões para não compreender, a escola não o ensina e a nossa vivência social muito menos. Alguns outros não lhes convêm compreender, vivem da confusão.

Seguindo a mesma linha de confusão de conceitos básicos, essenciais para que o país possa criar mais riqueza com menos, o governo promete empregos e a oposição exige-o. Como pode o governo criar mais empregos? Admitindo mais funcionários?

Quem tem necessidade de contratar trabalho, e cria riqueza e emprego, são os empresários. Aos governos não compete criar emprego. Este é um dos problemas para termos chegado onde estamos, no emprego como em muitos outros temas, confundimos papeis e responsabilidades. O dever do governo é garantir as condições para que quem é empreendedor o possa ser no seu país. Garantir condições de licenciamento adequadas e uma regulação eficaz, própria de um país moderno. É isto que os empresários pedem e necessitam, só isto. Pede-se um sistema de Justiça que funcione e que responda eficazmente sempre que necessário. Provavelmente, este sim, o maior problema de Portugal. O sistema judicial não funciona e não possibilita as condições necessárias para que se possa assumir o risco do investimento com as componentes reguladoras ativas e eficazes, em paralelo com outros países concorrentes.

Por outro lado, ainda falta saber se o sistema de ensino responde às necessidades do país e está apto a formar homens e mulheres, não só competentes, mas também, capazes de assumir uma atitude empreendedora. É incompreensível e inaceitável que a atitude predominante dos jovens licenciados seja a de partir à procura do tal emprego (que alguém tem o dever de lhe arranjar, normalmente o Estado) como única saída para a sua independência. Ao fim de 20 anos de estudo, o tempo para se atingir o grau de licenciado, como se pode aceitar que a maioria desta gente seja incapaz de criar a sua própria riqueza? Porque razão a escola não ensina os seus alunos a serem empreendedores e a criarem empresas? A quem compete esta função? Como se desenvolve uma sociedade empreendedora, que cultive, valorize e premeie o risco? Compete ao Estado o dever de criar empregos para os jovens a quem já pagou a formação?

No dia em que o país responder claramente a estas questões, a taxa de desemprego começa a descer e o país fica mais rico. Nesse dia, os sindicatos e os empresários vão estar do mesmo lado da barricada, a melhor forma de garantir trabalho para todos.

É tempo de sermos mais verdadeiros e de chamar os nomes certos aos bois, caso contrário, o carro não anda, fica empancado onde está.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan