Turismo, um rio de oportunidades
turismo forever
Nenhum sector, como o do turismo, tem sido tão recorrentemente referenciado ao longo dos anos como a grande oportunidade para o país. Nesta matéria podemos ler muitas das notícias, de há dez ou mais anos, e pensar que foram escritas hoje, se não olharmos a data impressa no jornal. A 5 julho de 2005, o Público refere, a propósito do congresso da Confederação do Turismo Português (CTP), a oportunidade do turismo sénior e de negócios. Dois anos depois, em junho de 2007, o mesmo jornal noticia que o Alentejo prepara o acolhimento a milhares de idosos europeus. Apenas dois exemplos. O que se passou entretanto? Muito pouco, ou nada.
As notícias de hoje são as mesmas. Qual o significado deste fato? O que nos pode levar a crer que agora é diferente? Que o atual Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT), este sim, é para levar a sério?
Desde logo, não parece muito estratégico que no PENT sejam destacados 10 produtos estratégicos, desde o sol e mar, vinhos, golfe, estadas de curta duração, saúde, religião, etc. Está lá tudo. Como já sabemos, tudo é nada. Definam de vez um caminho e façam-no.
Um passo significativo nesse caminho é os responsáveis estarem conscientes do efeito bloqueador do labirinto dos pareceres, autorizações e licenças. Parece que já têm essa consciência e, assim, o governo vai fazer lobby nos corredores dos seus próprios ministérios no sentido de “agilizar processos e resolver problemas”, palavras do ministro Álvaro Santos Pereira. Para tal, foi criada a Comissão de Orientação Estratégica para o Turismo (CIOET) na dependência do Primeiro-ministro. Daqui, se tudo correr normalmente, surgirão os tais grupos de trabalho e entretanto, as oportunidades passam; os investidores cansam-se e os ditos turistas rumam a outros destinos que não tenham este tipo de comissões.
Se há setor onde tudo está estudado e planificado é o do turismo. Então o que falta? Falta fazer! Nesta matéria, do “fazer”, não se pede muito, se não sabem não atrapalhem quem quer, e sabe, fazer. Promotores e investidores anseiam por poder fazer e o país necessita-o.
Tudo isto parece vulgar, mas não é, é essencial.
Carlos A Cupeto
Professor na Universidade de Évora
cupeto@uevora.pt