amar o mar

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Há mais de 50 anos o Bar Sargo na praia da Parede (Cascais). Quanto vale uma cadeira destas?

 

Portugal tem o que muitos dos países à sua volta, e outros mais longe, procuram desesperadamente porque não têm, uma identidade forte, uma marca. Nós,  procuramos o que já temos  e que, absurdamente, insistimos em ignorar.

Lá fora vêem-nos como um país de marinheiros. Todavia, isto é uma mentira. E quem nos visita percebe, com facilidade, esta mentira. Estamos de costas para o Atlântico. Temos um oceano fabuloso à nossa frente e falamos insistentemente dum charco chamado Mediterrâneo. Temos um estuário brutal, como o do Tejo, onde nada acontece, como alguém disse um dia: um palco único, vazio. Um recurso imenso que em vez de unir, separa, as tais duas margens que apenas servem para criar filas de trânsito.

Como o oceano começa em terra, do outro lado temos um imenso mar de terra carregado de história, cultura, biodiversidade etc. a que poucos ligam. Todo o interior está despovoado e abandonado.

Somos assim. Uns mais responsáveis, outros menos. Vivemos da lamúria e na esperança que alguma coisa aconteça para resolver os nossos problemas e assim ficarmos mais ricos.

A Estratégia Nacional para o Mar, em discussão pública, que tem como primeiro objetivo regressar ao mar, reconhece que temos estado na praia a apanhar sol e pouco mais. Nela se afirma, “Portugal é a face atlântica da Europa e a ligação europeia aos mares profundos. Deve, assim, assumir a iniciativa, liderando os processos europeus e internacionais relativos à governação marítima, visando fomentar a economia, e valorizar e preservar aquele que é o seu maior património natural.”

Depois de algumas contradições e do emaranhado de normas, estudos, planos e projetos nacionais e europeus que se atrapalham e limitam quem quer fazer alguma coisa, a ENM assume alguns fatos incontornáveis, designadamente, o mar como uma oportunidade sem precedentes.

Que mais nos falta concluir para mergulharmos de cabeça? Eventualmente, que alguém nos empurre.

[www.tterra.pt]

 

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan